sábado, 22 de outubro de 2011

Me aquece, me inflama

Que essa poesia que hoje tenho viva nunca me falte.



Sentada no canto da sala, lia seus textos de acalentar a alma. No conjunto ouvia veneno sem pausa se quer pra respirar. Do meu lado todas as cartas que meu amado já escreveu, do oposto todos os seus outros livros lidos e relidos. Poesia lírica espalhada pela casa inteira, coração cantando vitrines e em meio o corpo ia se despindo todo por inteiro. Chorava se ouvia sentimental, sem nenhum pudor. Com a ponta do batom rabiscava sua literatura viva no meu espelho; Retrato em branco e preto. Pra incomodar a vizinhança ouvia vermelho sem me cansar. Escândalo nunca faltou na vitrola, repetia dezenas de vezes o disco só se for a dois. Sua poesia irônica escarrava nas noites de frio e nos bares da cidade dançava feito louca suas juras de madrugada. 


'' Quero minha vida estampada nos outdoors da Rua Augusta.
E essa minha musica assim falada, entrelaçada em teus ouvidos.''


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Devaneio


Do lado oposto da rua, sabia que de olhos fechados acompanhava todos os meus passos. Fuga menor no meio de tantas. Via seu rosto em todos os pontos da cidade, sem esforço enxergava teu nome em todos os versos de cartão postal. Na busca dos meus desejos mais infames te encontrava preso a minha roupa. O som da casa ao lado, tocava o devaneio que foi o nosso transe. Se habilitou de mim dentre todos os compassos. Espalhei versos soltos pelo muro da cidade. Loucura ou poesia; Quem sabia decifrar?


'' Passava o dia inteiro relendo suas cartas e dormia rezando a Deus pra te esquecer.''