sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sorri-so morto


            Clara - Parte III


No dia seguinte, acordou suspirando; Comprou flores, novos vestidos com cores mais vivas. Porque era assim que ela se sentia por dentro, viva. Esperou que a noite chegasse pra voltar ao antigo encontro, precisava desesperadamente encontra aquele moço, seu corpo dizia – preciso dele, preciso agora, preciso aqui do meu lado direito. Levou mais de três horas para se aprontar, todos os homens daquela cidade podiam até não notar seu novo corte de cabelo e seu jeito de andar pra enfeitiçar, mas aquele cara precisava vê-la só ele.

Voltou para o bar e deu de cara com ele. Ouvio alguém chama-lo, seu nome era Marcio. Sorrio e quase chorou ao mesmo minuto; Tinha visto ele agarrado a outro corpo que não era o seu e isso doeu, tentou se aproximar, mas o assunto entre os dois parecia estar quente demais para ele olhar a dama da noite passada na mesa ao lado. Saiu daquele lugar jurando nunca mais voltar.

Já era madrugada e a primavera tinha chegado pra Clara, com suas flores todas murchas. Percorreu todos os bares daquela cidade, procurando algo que ela não sabia o que era. Beijou outros caras e achou todos com gosto de fruta podre. Na sua mente apaixonada ele já era dela e não podia ser do mundo.




'' Queria descansar; Descansar em alguém que nunca na vida encontrou. ''








terça-feira, 20 de setembro de 2011

Vermelho


 Foto:Shirlene Andrade


No sonho você era puro vermelho e a dança parecia te reverenciar. No devaneio da fantasia, loucura talvez; Você me contou de como o inverno queria te pulsar, expulsar; Colocava ali naquele minuto tudo que guardava de maças estragadas, morangos apodrecidos tudo ainda se perdia por dentro. Parecia querer me abraçar sem tocar, agarrar o mundo sem pedir ajuda. Passou do meu lado esquerdo, voltou pelo mesmo sem me olhar nos olhos. Se sentia pertubada, consequentemente alguma coisa ali te incomodava. Voltou novamente parou em frente ao espelho; Tirou da bolsa um batom,se pintou e só naquele momento sorrio se olhando, me olhando. Puxou do peito uma frase, havia lembrando o que outrora te trouxe ali:

'' Não deixe, não deixe que o inverno de setembro acabe. Algo falta, andava faltando. ''


  Foi tão irreal e nunca me sumio.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Eternamente



Acesa, aceso - vasto, vivo.
                                                

 O que escrevia era pra tocar na alma e abraçar o corpo inteiro até cessar o frio; Sentia mais que qualquer outro ser. E sabia falar de amores com tal facilidade que não se encontrava em ninguém mais.


'' Gostava de cantar lendo suas cartas, aquelas palavras me soavam como canções. Juro que chorava e era quase sempre quando me contava de outros verões,dos morangos, das vezes que deixou a primavera adentrar; Dos girassóis e de como todos os seus invernos foram quentes de queimar; Dos (des)amores dizia nunca esquecer; Das paixões inacabadas guardava o bilhetinho azul e uma saudade fugaz engolida sem esforço junto com a fumaça do cigarro  toda madrugada.''

Viveu de desejo;
Trocou o amargo pelos sete doces; 
Desiludiu a ilusão e virou cúmplice dos apaixonados.
Jogava o bonito de dentro na cara dos amantes;
E nunca respirou sem amar. 


Adorava do rock ao blues. E escrevia querendo te chamar pra vida.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Se doar se doer

Pintou o coração de magoa e se fechou.


Eu quero é me embriagar dorme noites a fora no banquinho da rodovia só pra esquecer teu sobrenome. Cansei do não-amor, dessa estranha forma de se doar se doer. Queimei todas as cartas falsas juntos com o nó da saudade; Mentiras concretas não me convencem mais e o vazio do desamor é muito doce pra mim. Que o peito permaneça amargo por vários meses; Até eu me esquecer de lembrar porque se deve esquecer. Por enquanto; Era madrugada e ainda te lembrava com fervor.



'' Falar mal de você na mesa mais esquecida; Daquele canto mais escuro e cheio de moscas, no bar mais vagabundo do mais brega dos subúrbios. ''
(Caio Fernando Abreu)